A Coreia do Norte começou a mobilizar um número significativo de soldados para ajudar a Rússia na guerra com a Ucrânia. Um contingente inicial de 1.500 soldados das forças especiais norte-coreanas já chegou à cidade russa de Vladivostok, perto da fronteira entre os dois países, para receber treinamento.
O apoio de Pyongyang a Moscou sela a recente aliança militar assinada entre os dois países, mas também poderá perturbar o equilíbrio de segurança na península coreana.
No total, a Coreia do Norte decidiu enviar "quatro brigadas de 12 mil soldados, incluindo forças especiais, para a guerra na Ucrânia", informou na sexta-feira (18) a agência de notícias sul-coreana Yonhap, citando o serviço de inteligência de Seul.
A AFP pediu a confirmação deste número à Coreia do Sul, mas não obteve resposta. Na Ucrânia, o governo declarou que essa transferência de tropas demonstra a intenção de Moscou de intensificar a invasão ao país, que já dura dois anos e oito meses.
O acordo militar concluído em junho entre o líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente russo, Vladimir Putin, possui uma cláusula de defesa mútua.
Na avaliação de Hong Min, analista do Instituto Coreano para a Reunificação Nacional, a chegada de oficiais norte-coreanos a Vladivostok demonstra que o compromisso assumido pelas duas partes "é sólido".
"(O acordo) estabelece uma estrutura na qual a intervenção ou o apoio militar da Rússia será automático, se a Coreia do Norte for atacada ou enfrentar uma crise", disse Min à AFP. O reforço das tropas de Pyongyang poderia ajudar Moscou a manter “territórios ocupados ou contribuir para outras conquistas territoriais”, acrescentou.
A Coreia do Norte e a Coreia do Sul continuam tecnicamente em guerra.
O sangrento conflito que travaram de 1950 a 1953 foi encerrado com um armistício, mas sem a assinatura posterior de um tratado de paz.
Nos últimos anos, o ditador comunista Kim Jong-Un construiu um arsenal nuclear, enquanto Seul não possui armas atômicas.
Ao enviar tropas à Rússia, Kim Jong Un espera reforçar a dissuasão militar e consolidar uma aliança com Moscou mais próxima dos acordos de defesa existentes entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul, o que poderá “resultar numa mudança significativa” na segurança na península, aponta Min.
"Atrair a atenção internacional"
As autoridades ucranianas divulgaram na sexta-feira um vídeo que mostra supostamente soldados norte-coreanos recebendo equipamentos em um campo de treinamento.
Um dos soldados é filmado dizendo "avance" para seus colegas, com sotaque norte-coreano.
A agência de inteligência da Coreia do Sul disse à AFP que seria “inapropriado” comentar um documento publicado pelo governo de um terceiro Estado.
Mas especialistas consideram que a presença de soldados norte-coreanos nas trincheiras russas dará a eles experiência de combate num conflito moderno.
Eles também poderão testar armas no campo de batalha.
A defesa sul-coreana é assegurada pelos Estados Unidos, razão que leva as forças armadas dos dois países a realizarem, com certa frequência, exercícios militares conjuntos em grande escala, o que revolta Pyongyang.
ATENÇÃO:Os comentários postados abaixo representam a opinião do leitor e não necessariamente do nosso site. Toda responsabilidade das mensagens é do autor da postagem.